quarta-feira, 20 de julho de 2011

BC confirma forte ingresso de US$ 8,6 bilhões no país na última semana (Postado por Erick Oliveira)

Em meio à forte crise de confiança que contaminou os mercados internacionais na última semana, com possibilidade de rebaixamento da nota dos Estados Unidos e crises nas contas públicas da Grécia, Itália, Irlanda e Portugal, os investidores voltaram a colocar seus recursos com mais intensidade no Brasil.
Segundo informações divugladas nesta quarta-feira (20) pela autoridade monetária, US$ 8,6 bilhões ingressaram na economia brasileira na semana passada, o equivalente a 17,2% dos ingressos de todo este ano. Deste valor total, US$ 7,35 bilhões entraram no país em um único dia: a segunda-feira da semana passada (11).
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, porém, o alto volume de entrada de dólares está relacionado com a medida anunciada pelo Banco Central, que buscou diminuir a posição vendida dos bancos no mercado de câmbio. "Entrou em um dia para ajustar uma norma que o BC passou a exigir. Diminuiu o nível e exposição dos bancos, que tiveram de captar mais para poder se adequar a essa norma. O fluxo está contido, está regular. Tanto é verdade que não há alterações na cotação do câmbio", declarou ele.
Parciais de julho e do ano
Na parcial de julho, até a última sexta-feira (15), houve a entrada de US$ 10,13 bilhões na economia brasileira, de acordo com informações da autoridade monetária.
Já no acumulado deste ano, até a sexta-feira da semana passada, a entrada de dólares na economia brasileira totalizou US$ 49,96 bilhões, com crescimento de 105% frente ao ingresso de recursos registrado em todo ano passado (+US$ 24,35 bilhões).
Segmentos financeiro e comercial
A maior parte da entrada de dólares no país na parcial julho aconteceu pelo segmento financeiro - pelo qual transitam os investimentos estrangeiros diretos e os recursos para aplicações financeiras, além das remessas de lucros e dividendos e empréstimos tomados no exterior, entre outros. Neste caso, houve o ingresso de US$ 6,88 bilhões na parcial do mês.
O segmento financeiro não registra, em um mês fechado, entrada de dólares desde março deste ano. Isso porque, no fim do primeiro trimestre de 2011, o governo elevou a alíquota do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) para 6% sobre empréstimos buscados pelas empresas no exterior, elevando o custo de buscar recursos lá fora.
Os dados do BC mostram, porém, que também foi contabilizado um ingresso de US$ 3,24 bilhões pelo chamado segmento comercial, que concentra os contratos de câmbio para exportações e importações, na parcial de julho.
Impacto na cotação do dólar
O ingresso de recursos no país, segundo analistas, teria correlação com a queda do dólar. A lógica seria que, com mais dólares no Brasil, o seu preço ficaria menor. Dólar baixo, por sua vez, gera perda de competitividade para as empresas brasileiras, uma vez que torna as exportações mais caras e as compras do exterior mais baratas. Justamente para combater esse ingresso de divisas, o governo lançou mão de várias medidas nos últimos meses.
Na avaliação de alguns economistas, porém, a especulação dos bancos no mercado futuro também teria contribuído para o dólar baixo. Tanto que em junho, segundo eles, houve mais saída do que entrada de recursos no Brasil, no valor de US$ 2,55 bilhões, e, mesmo assim, o dólar recuou para R$ 1,55 - a menor cotação em vários anos.
Medidas já adotadas
Para tentar conter a queda do dólar, o BC anunciou uma medida para baixar a posição vendida dos bancos no mercado de câmbio neste mês. No começo de 2011, o Banco Central anunciou uma medida semelhante, também para tentar baixar a posição vendida dos bancos no mercado de câmbio, que alcançou a marca de US$ 16,8 bilhões no mês de dezembro.
Antes disso, em outubro do ano passado, o Ministério da Fazenda anunciou a elevação do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) para aplicações de estrangeiros em renda fixa no país de 2% para 4%. No mesmo mês, subiu de novo o tributo para 6%, e estendeu sua cobrança às operações no mercado futuro (derivativos).
A autoridade monetária também anunciou, no começo de 2011, que voltaria a atuar com contratos de "swap cambial reverso" - operações que equivalem à compra de divisas no mercado futuro. A decisão que foi aplaudida pelo ministro Guido Mantega, uma vez que as aquisições no mercado futuro contribuem para uma queda menor, ou aumento do dólar, no mercado à vista.
Além disso, o governo também já autorizou, embora ainda não tenha utilizado este instrumento, a possibilidade de o fundo soberano brasileiro comprar moeda norte-americana nos mercados à vista e, também futuro.

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