quinta-feira, 30 de maio de 2013

Sérgio Oliveira: Trabalhismo, ontem e hoje – do PTB ao PDT


A sigla histórica dos Trabalhistas brasileiros é o PTB fundado por Getúlio Vargas em meados da década de 40, mas tomada de Leonel Brizola – legítimo herdeiro político de Vargas e João Goulart – no início da década de 80, fato que o obrigou Brizola a fundar o PDT no dia 26 de maio de 1980, quando a sigla lhe foi surrupiada por iniciativa do general Golbery do Couto e  Silva com a ajuda do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Neste texto estão reunidos depoimentos de personalidades diversas da vida pública brasileira explicando os fatos, mostrando que o PTB antigo, pré-64 – o fundado por Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola, entre outros - nada a ver com o novo PTB, pós-64, fruto da articulação do general Golbery com a justiça eleitoral em benefício de Ivete Vargas.
Vejamos os fatos:
Sergio Zambiasi (ex-senador do PTB do Rio Grande do Sul ), em artigo intitulado “Por que apoio Brizola”,  publicado no “Jornal do PDT” de agosto de 1989, na página 4, escreveu no último parágrafo:
" E o PTB do Rio Grande do Sul está nesta luta. Todas as suas lideranças, os vereadores entraram com forte propósito de apoiar Brizola, porque nós entendemos o seu trabalho, o respeitamos, e quando era do PTB antigo foi o melhor governador que tivemos. Por isto, temos agora a obrigação de devolver a ele tudo o que Brizola fez pelo Rio Grande do Sul."
Pulando para o episódio que detonou o escândalo do mensalão, a ligação do então deputado Roberto Jefferson com o assessor dos Correios Mauricio Marinho, aquele flagrado por uma câmara oculta recebendo o que Jefferson definiu domo “peteca” (pequena quantia de dinheiro da corrupção), o advogado e jornalista Bension Coslovski entrou com representação na Câmara dos Deputados contra Jefferson, questionando suas atitudes, elencando 28 episódios em que esteve diretamente envolvido, e citou como primeiro o fato dele se  "orgulhar de ter sido um dos fundadores do novo Partido Trabalhista Brasileiro, nos idos de 1981/82."
Notem bem: Zambiasi se referiu ao "PTB antigo", o de Vargas, Goulart e Brizola; ao passo que Coslovski cita o " novo Partido Trabalhista Brasileiro ", fundado por Ivete Vargas. Ou seja, apenas a sigla é a mesma. Já na peça “Bailei na Curva” de Julio Conte e outros, muito famosa no Sul, há uma personagem, a Gabriela, que, num texto é apresentada como “pessoa que sonha ser médica e o pai é sindicalista ligado a tradição popular do antigo PTB de Brizola".
Tem mais: o jornalista Carlos Castelo Branco, que por mais de 20 anos escreveu a coluna política do “Jornal do Brasil”, na época da fundação do PTB atual, o novo, no artigo intitulado “O PTB de hoje não é o PTB de ontem”, disse, no último parágrafo: “ Três adesões foram decisivas para gerar o novo PTB, o PTB não getulista: Jânio Quadros, em São Paulo, que no passado teve o apoio de quase todos os partidos menos do PTB; Sandra Cavalcanti, herdeira do lacerdismo; e Paulo Pimentel, egresso do sistema de Ney Braga, fundador e secretário geral do PDC. Com isso o PTB ganhou viabilidade eleitoral mas perdeu seu vínculo com o passado. A legenda tem outra destinação e outro futuro que não são os de restabelecer a pálida reminiscência do prestigio de Getúlio Vargas e João Goulart."
Na mesma época, a revista “Veja” de 14.05.80, publicou matéria sob o título “PTB sob medida”, com o subtítulo “O procurador ajudou Ivete que ajuda  o governo” GOVERNO, que afirma: "Sigla tirada de Brizola foi dada à Ivete Vargas, com a ajuda de Golbery e do procurador geral da Justiça Eleitoral, Firmino Ferreira Paz ".
Ainda sobre o episódio, o ex-deputado Helio Duque e ex-senador, em artigo intitulado “Um Testemunho”, publicado no mesmo ano, em determinada altura afirma: "Leonel Brizola preparou-se para reorganizar o PTB, mas foi vitimado por Golbery que, autoritariamente, entregou, via Justiça Eleitoral, a sigla à Deputada Ivete Vargas, cujo marido, Paulo Martins, trabalhava para o "bruxo". Diante do golpe, Brizola criou o PDT."
Por sua vez o ex-deputado Sinval Boaventura, em entrevista ao Jornal “Opção”, ante a pergunta “é verdadeira a história de uma reunião na casa do então deputado Simões da Cunha, na qual a deputada Ivete Vargas (PTB) teria contado que saíra de um encontro com o general Golbery e este revelou que ia projetar o sindicalista Lula para ser o anti-Brizola?”, ele respondeu:
“A Ivete Vargas disse que tinha estado com o ministro Golbery, na chácara dele, e que ele dissera que precisava trazer o Brizola para o Brasil porque ele estava se tornando um mito muito forte fora do país. Que era melhor ele voltar e disputar eleição, porque assim perderia o prestígio político. Fui ao Golbery e ele confirmou a conversa com Ivete. Explicou que sua estratégia era estimular a imprensa para projetar o Luiz Inácio da Silva, o Lula, um grande líder metalúrgico de São Paulo como uma liderança inteligente e expressiva, para ser preparado como o anti-Brizola. Sou testemunha dessa tese do general Golbery”.
Já o jornalista Mauro Santayana, um dos mais respeitados do país, em artigo sobre Brizola, tão logo ocorreu a sua morte, escreveu a determinada altura: "Mas antes de se esvair, o regime de 64 conseguiu seu maior triunfo contra o Trabalhismo, roubando a sigla do Partido Trabalhista Brasileiro de seu herdeiro legítimo, Leonel Brizola, que retornava do exílio. O "PTB" perdeu sua profundidade histórica e o próprio lastro trabalhista, virando hoje, um "nome fantasia" como outro qualquer."
Outro depoimento importante foi o feito em 29.05.2005 pelo ex-deputado Léo de Almeida Neves, do Paraná, no artigo “Trabalhismo Autêntico”, publicado no “Jornal do Brasil”. Nele o dirigente do PDT de Curitiba (presidente em exercício), afirma em determinado trecho: “Embora as administrações militares seguintes a Castelo Branco tivessem alguma semelhança na área econômica com as diretrizes governamentais de Vargas e Goulart (fortalecimento das estatais, criação da Embrapa e da Embraer), seria profundamente ultrajante aos militares o ressurgimento do trabalhismo no governo central, uma vez que haviam derrubado Vargas em 1945, encurralando-o em 1954 e deposto Goulart em 1964. Com essa ótica, entrou em ação o mago do regime, o estrategista General Golbery do Couto e Silva. Houve tolerância para as reivindicações operárias do ABC paulista, conduzidas por Luiz Inácio Lula da Silva, e ao robustecimento de um sindicalismo sem compromissos com o Trabalhismo, e desvinculado de Brizola. Depois,  serviram-se da ex-deputada Ivete Vargas, cujo marido trabalhava para Golbery, a fim de aprovar um simulacro de partido de apoio ao sistema vigente, já nos seus estertores. Manobrando com a frágil Justiça Eleitoral da ocasião, conseguiram registrar um artificial PTB, solidário ao governo inclusive nas votações no Congresso”.
Léo de Almeida Neves foi diretor do Banco do Brasil, também secretário do velho PTB no Paraná - quando o Senador Souza Naves era presidente regional, e chegou a vice-presidente nacional da legenda. Também foi Deputado Estadual pelo Paraná e, em 1966, o Deputado Federal mais votado pelo MDB do Paraná. Foi cassado em 13.03.69, voltou a política e hoje preside o PDT de Curitiba.
Ainda sobre as questões PTB x PDT, o jornalista Sergio Gobetti escreveu no “Estado de São Paulo” de 6.10.2006: "O PTB já foi motivo de inúmeras disputas, como a da ex-deputada Ivete Vargas, sobrinha de Getúlio, com o ex-governador Leonel Brizola. O Líder trabalhista, quando voltou do exílio, tentou ficar com a sigla, mas quem levou a melhor foi Ivete. Embora o atual PTB não tenha vínculo político e ideológico com o velho trabalhismo, continua lucrando com a popularidade da sigla, que só perde em antiguidade para o nome do PCB (Partido Comunista Brasileiro), de 1922".
Todos esses fatos elencados nos levam a concluir: o  PTB antigo, para os pedetistas, é o PDT de hoje, fundado por Brizola, que foi um dos fundadores do PTB antigo.
(*) Sérgio Oliveira é militante do PDT de Charqueada (RS).

quinta-feira, 23 de maio de 2013


J O R N A L   D O S   E S T A D O S

NOTÍCIAS DOS ESTADOS, DO BRASIL E DO MUNDO

CLIQUE SOBRE O NOME DO BLOG ESCOLHIDO, A FIM DE ACESSÁ-LO:


NOTÍCIAS DOS 27 ESTADOS DA FEDERAÇÃO

(Edson Nogueira Paim escreveu)

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Ilimar Franco 22.05.2013 01h00m
Na espreita
          Os interlocutores do ex-governador José Serra dizem que, mesmo minoritário, ele ainda alimenta a possibilidade de ser candidato ao Planalto. Um destes relatou que isto só ocorreria se o senador Aécio Neves levasse “um tiro de canhão”, como aquele que alvejou a governadora Roseana Sarney (MA) em 2001. A presença de seis serristas na executiva do PSDB sinalizaria nesta direção.

Na expectativa
Em setores da oposição existe avaliação que a criação do PSD fez parte da estratégia serrista para tentar inviabilizar a candidatura de Aécio Neves (PSDB). Na cúpula do DEM existe a visão que José Serra isolou os aecistas na formação do PSD. Somente ficaram no partido aqueles que, desde 2010, são simpáticos à candidatura de Aécio: Carlos Meles, Cesar Maia e ACM Neto. Os serristas, como Jorge Bornhausen; a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu (TO); e, o próprio Kassab foram para o novo partido. Acreditam ainda, que os aliados de Serra devem partir para a ofensiva quando as pesquisas revelarem que ele tem melhor desempenho que Aécio Neves.

Se o TSE decidir que fusão (PPS+PMN) é como criar um novo partido, o MD será fortalecido. Os deputados vão vir sem o risco de perder seus mandatos

Arnaldo Jardim
Deputado federal (PPS-SP)

Reducionismo
O Planalto está fazendo um pente-fino no PMDB. O principal aliado do governo Dilma, e partido do vice Michel Temer, está sendo dividido entre os que são e os que não são considerados amigos do seu líder na Câmara, Eduardo Cunha (RJ).



O recado
O PMDB quer candidaturas únicas em torno dos nomes mais viáveis nos estados. A premissa é que a divisão do PMDB e do PT pode comprometer a reeleição. Esta é a mensagem que o partido pretende vender à presidente Dilma, que ontem jantou com o vice Michel Temer, o governador Sérgio Cabral (RJ) e seu candidato, o vice Luiz Fernando Pezão.

Figura repetida
Os tucanos cariocas relatam que o slogan “Fazer mais e melhor”, adotado pelo candidato socialista à Presidência, o governador Eduardo Campos, já foi usado em 1996 pelo governador Sérgio Cabral (RJ), quando concorreu à prefeitura do Rio.

Os aliados e os cortes
O corte no Orçamento que o governo anuncia hoje deve se situar entre R$ 25 e R$ 30 bilhões. Este valor equivale ao que o Congresso inflou para custear as emendas parlamentares. Os governistas estão apreensivos com a reação da base aliada, caso se comprove este corte. Para preparar suas reeleições, os parlamentares dependem da execução destas emendas.

Sinal de alerta
O senador e presidente da CNT, Clésio Andrade (MG) propôs e os senadores do PMDB aprovaram sua proposta. Clésio quer chamar um dirigente da FEBRABAN para falar sobre a possibilidade de uma crise econômica chegar e afetar o Brasil.

Pelas contas do PT
O PT do Rio não trabalha com a candidatura de Anthony Garotinho para o governo. Sua rejeição o impediria de sonhar com a vitória. Os petistas já estão começando a considerar a candidatura da prefeita de Campos, Rosinha Garotinho.

Aliado que estava em Pernambuco, resume o encontro da presidente Dilma com o governador Eduardo Campos: “amistoso, mas frio”.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

PSDB exige explicações de Crivella sobre uso do cargo em benefício próprio

Segundo denúncia da revista Istoé, ministro da Pesca teria utilizado estrutura da pasta para viabilizar projeto de criação de tilápias na Bahia. Além da convocação de Crivella, oposição questionará Agência Nacional de Águas para obter mais informações sobre a captação de água para o projeto

Geraldo Magela / Ag. Senado
Ministro da Pesca estaria implantando projeto de criação de tilápias em fazenda própria com ajuda da pasta que comanda
O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), tentará convocar o ministro da Pesca, Marcelo Crivella, a prestar esclarecimentos em duas comissões da Casa. O motivo é a denúncia publicada, nesta semana, pela revista Istoé de que o ministro utilizou seu cargo e a estrutura da pasta para desenvolver projeto de criação de peixes na ONG Fazenda Cannã, que é ligada a ele. Para o deputado, acusações são “gravíssimas”.



“São denúncias gravíssimas, que não podem passar sem esclarecimentos. Assim, queremos oferecer a oportunidade para que ele traga essas explicações ao Parlamento. Além do possível desvio cometido pelo ministro, a denúncia evidencia o loteamento dos ministérios para beneficiar aliados, sem o acompanhamento devido”, disse Carlos Sampaio. Ele afirmou também que os 39 ministérios do governo Dilma são uma “quantidade absurda, desnecessária e meramente eleitoreira”.
Segundo a reportagem, a ONG Fazenda Nova Cannaã conta com o apoio da Superintendência do Ministério da Pesca na Bahia e da Secretaria Estadual de Agricultura para a implantação de um criadouro de tilápias no local. A revista informa ainda, que no dia 23 de março, Crivella se reuniu com representantes da Bahia Pesca, órgão do Estado, para discutir a captação de recursos federais para a instalação de oito tanques-rede na ONG e a própria superintendente do Ministério da Pesca na Bahia, Sílvia Cerqueira, visitou a fazenda para dar aval oficial para o início da criação. No entanto, o Ministério da Pesca disse que não foi fechado nenhum convênio com a Fazenda Nova Canaã. Segundo a revista, a ampliação do consumo de tilápia é o carro-chefe da gestão de Crivella no ministério. Ele tem como meta baratear a carne do peixe de origem africana para competir com o frango.
Os requerimentos de convocação serão apresentados nas Comissões de Fiscalização e Controle e de Meio Ambiente da Câmara. Sampaio disse que pretende pedir informações à Agência Nacional de Águas (ANA) sobre a existência de autorização para captação de água para o projeto, através de uma adutora e que não descarta a possibilidade de ingressar com um pedido de apuração  por indício de improbidade administrativa na Procuradoria-Geral da República